Washington DC – De um lado da Praça que leva o nome Liberdade, é possível ver a cúpula do Capitólio. Do outro, a poucos metros dali, estão posicionados os principais edifícios da sede do poder americano. O chão é uma superfície de concreto onde os riscos da planta inicial do arquiteto Pierre Charles L’Enfant estão marcados. Esse foi o cenário escolhido pela artista brasileira indígena Uýra Sodoma para a performance deste sábado (25). Em quarenta e cinco minutos, o público testemunha um monte de terra se esvaziar ao ser levado pelas mãos da artista em caminhos tortuosos ao som do repertório de música brasileira. ” Esta performance Ponto Final, Ponto Seguido está rodando o sexto país. É o plantio de uma terra. Uma terra que é cada vez mais retirada para a construção das cidades que foram fundadas a base do cimento”, explica Uýra citando os desastres naturais recentes no Rio Grande do Sul e Maranhão. Natural de Santarém, no Pará, a artista é bióloga, Mestre em ecologia e mora em Manaus. “Em todos os lugares, esta performance acontece sobre os monumentos coloniais que se instalam pelo mundo”, diz Uýra ao SBT News, destacando a importância da arte para o despertar da sociedade para temas ambientais e sociais como o direito da mulher e da comunidade LGTBQI+. “Com arte a gente chega aos corações das pessoas. Com arte a gente permite que as pessoas sintam e não só pensem, que elas se envolvam e não o saibam”, diz a artista na praça que tem o desenho do primeiro mapa das ruas da capital Washington. “A performance sempre acontece ligada a estes monumentos que ignoram a terra, ignoram a água, ignoram as populações indígenas”, completa. [caption id="attachment_500738" align="aligncenter" width="640"] Trabalho fotográfico da artista Uyra Sodoma em exibição na capital americana | Banco Interamericano de Desenvolvimento[/caption] Além da performance, Uýra tem fotos em exibição na sede do Banco Interamericano de Desenvolvimento na capital americana. “Meu trabalho lida com as naturezas, tanto as ancestrais como o vento, a terra, a água, os bichos, a gente quanto as naturezas estranhas, da violência, da destruição das florestas, da transfobia, do machismo. Aqui eu trouxe algumas fotografias de ensaios pensando nestas naturezas que aqui compõem a partir da nossa visão amazônica deste pensar do futuro. Pensar o agora olhando para a frente”. [caption id="attachment_500739" align="aligncenter" width="640"] Joe Biden e o presidente do Quênia William Ruto | Patricia Vasconcellos/ SBT NEWS[/caption]