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Mulher acusa ex-namorado de agressão e de mantê-la em cárcere privado no interior do Acre

Luana da Costa conta que ficou presa dentro do próprio apartamento entre quinta (11) e sexta (13) em Epitaciolândia, no interior do Acre. Vítima foi agredida e sofreu abuso psicológico do ex Diego Nunes, que tinha pedido para voltar a morar com ela.

A servidora pública Luana da Costa, de 35 anos, registrou um boletim de ocorrência contra o ex-namorado Diego Nunes, de 29 anos, após ser agredida e mantida em cárcere privado dentro do próprio apartamento em Epitaciolândia, interior do Acre, entre quinta (11) e sexta-feira (12), por não aceitar reatar o relacionamento.

Luana diz ter sido agredida com chute, socos e ouviu vários insultos dos ex-companheiro enquanto era impedida de sair de casa. A sessão de tortura só acabou por volta das 11h de sexta quando o rapaz, que é estudante de medicina na Bolívia, decidiu ir para a casa da irmã.

Por mensagem, Diego Nunes falou que só vai se posicionar por meio de um advogado. À reportagem, o advogado Leandro Belmont afirmou que, por se tratar de um caso envolvendo a Lei Maria da Penha, irá se manifestar sobre os fatos apenas em juízo. “No mais informamos que em nenhum momento meu cliente fugiu e se defenderá das acusações de sua ex-companheira”.

Abalada, a servidora pública fugiu para a casa dos pais em Rio Branco e procurou a polícia no sábado (13). Ela foi ouvida por um delegado na Delegacia de Flagrantes (Defla) e fez um exame de corpo de delito. O caso deve ser investigado pela Polícia Civil de Epitaciolândia.

A delegada Carla Brito disse que tem conhecimento do caso, mas que aguarda o processo ser remetido para o interior pela Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Rio Branco, onde a ocorrência está registrada.

Luana e Diego Nunes se conheceram no curso de medicina na Bolívia. Ao g1, ela contou que o ex-companheiro sempre foi violento, controlava as redes sociais dela, ligações, contatos, amizades e batia nela. Após as agressões, o rapaz pedia perdão, dizia que ia mudar e Luana não procurava a polícia.

O casal se separou em março deste ano quando a vítima decidiu dar um basta na relação. Segundo Luana, o ex foi morar em Boca do Acre (AM) para fazer residência em medicina. Contudo, ela explicou que o rapaz sempre mandava mensagem, olhava as redes sociais dela e a tentava controlar de longe.

“Ele fazia as coisas e depois pedia perdão. Moramos juntos por um ano e meio mais ou menos e terminamos no início do ano. Não conseguia me libertar dele e quando saiu senti que conseguia terminar, aproveitei que estava para lá [Boca do Acre] para continuar minha vida”, relembrou.

No último mês de outubro, o rapaz voltou para o interior do Acre e pediu para conversar com a ex-companheira. Luana aceitou encontrar o estudante, o casal chegou a cogitar a reatar o relacionamento, mas a servidora pública falou que não queria o namorado morando com ela novamente.

“Ele queria abrir uma empresa para cuidar, trabalhar, queria algo para trabalhar e falei que não, que eu não tinha condições. Na quinta-feira [11] ele ficou me pressionando, falei que a gente não ia morar junto e não iria sustentar ele. Ele não gostou, levantou e me bateu, jogou meu notebook no chão e quebrou. Começou a me agredir, corri para abrir a porta, mas ele trancou”, falou.

Notebook de Luana da Costa foi quebrado durante as agressões do ex — Foto: Arquivo pessoal

Presa no apartamento

Entre quinta e manhã de sexta, Luana conta que ficou presa dentro do próprio apartamento. Ela diz que o ex-namorado não deixava ela abrir a porta, xingava ela e a família dela. “Ficou me torturando psicologicamente, falava mal da minha mãe, dizia que eu sou controlada pela minha família. Chegou a me impedir de falar, que se eu falasse iria quebrar minha boca, meus dentes”, lamentou.

A servidora pública contou que chegou a concordar com alguns imposições do estudante apenas para agradá-lo e tentar fugir do local. Mesmo assim, o estudante não cedia. Luana explicou que pediu para ir para a casa da mãe, em Rio Branco, para cuidar dela.

“Minha mãe faz tratamento contra câncer, está debilitada. Ele disse que ia deixar eu ir e quando fui me arrumar pegou os alimentos e jogou pela casa toda. Arroz, farinha, jogou frutas no chão, creme de leite. Fui limpar e não consegui sair”, disse.

Luana e o ex-companheiro dormiram no mesmo apartamento. Pela manhã, Diego Nunes falou que iria para a casa da irmã e a servidora público o levou no local.

“Ele queria levar a chave do meu apartamento, provavelmente para me deixar trancada dentro. Ficava perguntando se queria que ele fosse embora e eu dizia que sim porque as coisas já tinham ido longe demais. Começou a chover e levei no meu quarto até a casa da irmã”, relatou.

A servidora disse que ficou desesperada e só queria fugir do local para não encontrar mais Nunes. Ela revelou que ligou para o irmão e contou o que aconteceu. Em Rio Branco, ela foi para a zona rural com a família e juntou forças para denunciar o ex.

“Vou pedir medida protetiva, vou processar ele também. Minha irmã denunciou o caso nas redes sociais e algumas mulheres entraram em contato com ela e relataram que também sofreram agressões. Quero Justiça por mim e por elas”, concluiu.

Fonte: Por Aline Nascimento, g1 AC — Rio Branco

Da Redação do Hoje Rondônia

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